As estrelas que estão nas suas veias!

Bem que poderíamos estar no referindo as hemácias que correspondem a cerca de 45% do seu sangue. Afinal são belas estrelas avermelhadas que brilham e protagonizam um verdadeiro espetáculo que é o nosso sangue. Movimentando-se incansavelmente por quase 120 dias desde que saiu do interior dos ossos até serem recicladas em órgãos como fígado e baço. No interior delas está uma outra beleza natural, uma proteína chamada de hemoglobina. É de sua cor avermelhada que domina o sangue, tornando-o unicamente vermelho.

A natureza levou milhões de anos apara achar a receita ideal e foi forjando lentamente essa proteína. Tem outras semelhantes, a exemplo da mioglobina presente nos músculos, mas a beleza estar de fato é na hemoglobina. Combinação de aminoácidos harmonicamente organizados e entrelaçados em meio a uma molécula denominada de heme cujo interior tem um metal, que para nós tem valor de ouro, o ferro. De fato, a evolução permitiu que nós pudéssemos sair dos oceanos e habitar a terra firme, mas como seria o alimento naquele ambiente desconhecido? Quem poderia acumular ferro e não o perder certamente possuía melhores características para sobreviver. E assim estamos atualmente.


O mais curioso é o local de onde veio esse ferro, ou melhor, praticamente todos elementos que compõem nosso corpo, como o carbono, sódio, potássio, entre outros. Uns foram formados logo nos primórdios do universo, como é o hidrogênio que compõe a água que faz parte de grande parte do nosso peso corporal. Outros como o elemento a que no referimos no início do texto vem de explosões descomunais de estrelas.

Marcelo Gleiser em seu grandioso trabalho busca explicar a nossa origem e compartilha que somos todos frutos da criação de produtos que surgem no interior de grandiosas fábricas nucleares denominadas estrelas. O principal combustível das estrelas é o hidrogênio, que numa sucessão de fusões nucleares, dependendo do tamanho do astro culminará numa gigante bola de ferro, que não servirá mais como combustível. O posterior colapso gravitacional da estrela fará ela apresentar uma explosão, denominada de supernova, que literalmente alimentará o universo com novos materiais. Não é recente a ideia que na natureza nem sempre a morte significa o fim, assim podemos identificar as estrelas como fábricas da vida. Sem elas não teríamos nosso sangue. Não teríamos o ferro que está presente em nossas veias e músculos.

Sugestão de leitura: 


 

A natureza atribuiu ao ferro o valor de ouro em nossos corpos, afinal nós temos meios apenas de adquirir ferro, praticamente não o perdemos, exceto mulheres em idade fértil, por meio do sangramento menstrual. A falta desse elemento, entre outros problemas levará o corpo a uma situação de anemia, porém atualmente nossos hábitos alimentares têm trazido também outro problema que é o excesso, denominada de sobrecarga de ferro. Ambos extremos anormais possuem potenciais patológicos importantes que não devem ser minimizados por nós. Portanto, vamos tomar cuidados com os nossos hábitos alimentares a fim de que esse elemento, oriundo do glitter estrelar não acabe nos provocando, seja pelo excesso ou pela falta problemas em nossa saúde. Assim poderemos ter mais tempo para vislumbrar a maravilha do céu noturno e o brilho das incansáveis e ininterruptas fábricas de elementos químicos.

Fica aqui a sugestão de leitura também: Poeira das estrelas, de Marcelo Gleiser, publicado em 2006 pela Editora Globo

Fotos: NASA; https://www.nasa.gov/image-feature/the-tycho-supernova-death-of-a-star


Comentários